Para falarmos sobre Pilates nas lesões musculares, ou seja, na prevenção e tratamento, faz-se necessário entender e conhecer o mecanismo da lesão, fisiopatologia e classificação da lesão. Vamos discorrer sobre o assunto e também deixaremos alguns links para leitura dentro do texto.
Os músculos com função tônica ou postural geralmente são uniarticulares, largos, planos, com velocidade de contração baixa e com capacidade de geração e manutenção de força contrátil grande. Geralmente estão localizados nos compartimentos mais profundos.
Os músculos biarticulares têm velocidade de contração e capacidade para mudança de comprimento maiores, contudo, menor capacidade de suportar tensão. Geralmente estão localizados em compartimentos superficiais.
O comprimento da fibra é um determinante importante da quantidade de contração possível no músculo. Como as fibras musculares geralmente apresentam distribuição oblíqua dentro de um ventre muscular, elas geralmente são menores do que o comprimento total do músculo.
Mecanismos de lesão
As lesões musculares podem ser causadas por contusões, estiramentos ou lacerações. Mais de 90% de todas as lesões relacionadas ao esporte são contusões ou estiramento(3). Já as lacerações musculares são as lesões menos frequentes no esporte.
A força tênsil exercida sobre o músculo leva a um excessivo estiramento das miofibrilas e, consequentemente, a uma ruptura próxima à junção miotendínea.
Os estiramentos musculares são tipicamente observados nos músculos superficiais que trabalham cruzando duas articulações, como os músculos reto femoral, semitendíneo e gastrocnêmio.
Classificação das Lesões Musculares
Estiramentos e contusões leves (grau I) representam uma lesão de apenas algumas fibras musculares com pequeno edema e desconforto, acompanhadas de nenhuma ou mínima perda de força e restrição de movimentos.
Estiramentos e contusões moderadas (grau II) provocam um dano maior ao músculo com evidente perda de função (habilidade para contrair). É possível palpar- -se um pequeno defeito muscular, ou gap, no sítio da lesão, e ocorre a formação de um discreto hematoma local com eventual ecmose dentro de dois a três dias.
Uma lesão estendendo-se por toda a sessão transversa do músculo e resultando em virtualmente completa perda de função muscular e dor intensa é determinada como estiramento ou contusão grave (grau III). A falha na estrutura muscular é evidente, e a equimose costuma ser extensa, situando-se muitas vezes distante ao local da ruptura.
Reparo Tecidual Grau III
O tempo de cicatrização desta lesão varia de quatro a seis semanas. Este tipo de lesão necessita de reabilitação intensa e por períodos longos de até três a quatro meses. O paciente pode permanecer com algum grau de dor por meses após a ocorrência e tratamento da lesão.
Existe uma nova classificação sobre os graus de lesão muscular link
Fisiopatologia
A cicatrização do músculo esquelético segue uma ordem constante, sem alterações importantes conforme a causa (contusão, estiramento ou laceração).
Três fases foram identificadas neste processo: destruição, reparo e remodelação. As duas últimas fases (reparo e remodelação) se sobrepõem e estão intimamente relacionadas.
Fase 1: destruição – caracterizada pela ruptura e posterior necrose das miofibrilas, pela formação do hematoma no espaço formado entre o músculo roto e pela proliferação de células inflamatórias.
Fase 2: reparo e remodelação – consiste na fagocitose do tecido necrótico, na regeneração das miofibrilas e na produção concomitante do tecido cicatricial conectivo, assim como a neoformação vascular e crescimento neural.
Fase 3: remodelação – período de maturação das miofibrilas regeneradas, de contração e de reorganização do tecido cicatricial e da recuperação da capacidade funcional muscular.
Tratamento de Pilates nas Lesões Musculares pós-fase aguda
1. Treinamento isométrico
(contração muscular em que o comprimento do músculo se mantém constante e a tensão muda) pode ser iniciado sem o uso de pesos (Molas e acessórios) e posteriormente com o acréscimo deles. Especial atenção deve ser tomada para garantir que todos os exercícios isométricos sejam realizados sem dor.
2. Treinamento isotônico
(contração muscular em que o tamanho do músculo muda e a tensão se mantém) pode ser iniciado quando o treino isométrico for realizado sem dor com cargas resistidas. Aqui o treino com molas é essencial, tanto para fortalecimento quanto coordenação e proprioceptivo.
3. Demais terapias
A aplicação local de calor ou “terapia de contraste” (quente e frio) pode ser de valor, acompanhado de cuidadoso alongamento passivo e ativo do músculo afetado. Ressalta-se que qualquer atividade de reabilitação deve ser iniciada com o aquecimento adequado do músculo lesionado.
Para tal pode-se utilizar o ondas curtas para aquecimento mais profundo, técnicas de manipulação e liberação miofascial, realização de exercícios no Pilates, trabalhando fortalecimento, reequilíbrio muscular, alongamento.
Lembrando que aqui estamos dando alguns exemplos do que pode ser realizado. É sempre importante realizar todo protocolo de atendimento com uma avaliação prévia e adequar a terapia conforme evolução do paciente/aluno.
Se você possui alguma dúvida, gostaria de entender mais quais exercícios, como o Pilates pode ajudar nesse processo de reabilitação, desça com o cursor até abaixo e clique no link de nossos cursos. Teremos o maior prazer em atendê-los.
Bibliografia
Fernandes T. L, Pedrinelli A, Hernandez A. J. MUSCLE INJURY – PHYSIOPATHOLOGY, DIAGNOSTIC, TREATMENT AND CLINICAL PRESENTATION, Rev. Bras. Ortop. Vol 46 no.3 São Paulo, 2011.
Escrito por:
Camilo Barbosa Junior Crefito3 150302-F
Professor de Cursos de Pilates e Ortopedia – Pilates Fisio Fitness, Fisioterapeuta Esportivo da HWT Sports, Especialista em Fisiologia do Exercício, Especialista em Reabilitação Aplicada ao Esporte (Unifesp), Especialista em Pilates, Pós-graduando em Formação Docente no Ensino Superior.